Contudo, ao final sempre é gratificante perceber o resultado de todo esse trabalho e essas discussões que nos levam a refletir, não só sobre nossa prática pedagógica, mas também com nossa participação na sociedade e nossa relação com o outro.
Nosso texto ficou assim.
Géssica de
Oliveira; Liris Bravo, Izabel Miranda; Maria Cristina Dias; Patrícia Cordeiro
Em
Pedagogia do oprimido, Freire (1993) diz que: “para uma educação educadora o
diálogo tem papel fundamental e é através dele que demostramos nossa visão de mundo
e nos inserimos socialmente”.
É
através do diálogo que podemos interpretar o mundo conforme o vemos, podemos
questionar a sociedade e repensar nossa forma de ser contribuindo para a
transformação do meio onde estamos inseridos.
Conforme Zirkoski, “O desafio freireano é
construirmos nossos saberes a partir da situação dialógica que provoca a
interação e a partilha de mundos diferentes, mas que comungam do sonho e da
esperança de juntos construirmos nosso ser mais”. (2007,p.131)
A
reflexão crítica através do diálogo levará os educandos a reconhecerem as
ideologias, a perceberem o caráter histórico e mutável das relações sociais e,
portanto, assumirem-se como sujeitos na construção de si mesmos e da realidade.
Assim
podemos afirmar que sem a alfabetização permeada pelo diálogo não pode haver o
empowerment político.
A
visão de mundo do educando também deve ser levada em consideração, segundo
Freire, “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”.
Sendo um educador Paulo Freire ficou conhecido internacionalmente pelo
seu processo de alfabetização. Ele foi o primeiro teórico a usar o termo
“leitura do mundo”. Porém, esse termo causa certa estranheza em quem o ouve.
Afinal, o que seria a leitura do mundo? Paulo Freire diz que a leitura do mundo
precede a leitura da palavra. Ou seja, antes para uma criança ser alfabetizada
ela precisa decodificar. Segundo esse preceito, ela já saberia ler
implicitamente, mas não as palavras grafadas num livro, por exemplo, mas, a grosso
modo, essa criança sabe ler a vida.
“Ler o mundo” significa ler os signos, as coisas que fazem parte da sua vida ou seja dar um sentido a tudo que esta a sua volta. Nós enquanto educadores não podemos nos omitir de fazermos a nossa leitura do mundo, e assim demonstrando que existem diversas maneiras possíveis de se ler o mundo. .Antes de ler a palavra a criança lê o mundo através de gestos, Olhares, expressões faciais, do cheiro, do tato , do olfato.
Como qualquer leitura é uma produção
de sentidos ,as crianças procuram criar sentido para o mundo que o
rodeia .Através desta” leitura do mundo” as crianças começam a perceber as
relações espaciais existentes, as relações de afeto, observam que cada coisa
ocupa um lugar e tem um nome , manifestam preferências e rejeições, e no
contato com outros a criança constrói a sua leitura de mundo.
Devemos estar atentos para a alfabetização que estabelece relações entre
poder e conhecimento. E dar “voz”, não só aos anseios dos alunos mas, também,
do meio social a qual a escola esta inserida, para que todos possam pensar em
como a sociedade e a vida social deve ser estruturado por todos.
Precisamos proporcionar aos alunos um ambiente onde eles possam se
deparar com diferentes tipos de discursos e opiniões comprovados por meio de
materiais (textos, artigos, etc) a fim de que esses educandos possam pesquisar
e validar ou não suas opiniões.
Do mesmo modo, nós enquanto educadores devemos encontrar a nossa “voz”,
nos apoiarmos em nossas certezas e buscar esclarecer nossas dúvidas pois, um
professor crítico nunca deve deixar de ser um educando.
Referências:
AMARAL, C. W. do. Alfabetização numa perspectiva
crítica: análise das práticas pedagógicas. Dissertação .( ZITKOSKI, Jaime J.
Paulo Freire & Educação. Belo Horizonte: Autentica ,2007
FREIRE, Paulo, Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz
e Terra. 1993.
GIROUX, Henry A. Alfabetização e a pedagogia do
empowerment político In. FREIRE, Paulo; MACEDO, Donaldo. Alfabetização: Leitura do mundo, leitura da
palavra. Tradução de: OLIVEIRA, Lólio Lourenço de. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2013.